Provavelmente você já viu por aí, ou até mesmo tenha em casa, um daqueles pequenos recipientes de vidro com areia colorida dentro, que formam belas imagens de desertos, camelos, coqueiros, cavalos, casinhas e montanhas e que fazem um nó na cabeça da gente só de pensar como que alguém pode ser capaz de fazer aquilo usando grãos de areia. Não é tão fácil de achar um desses à venda por aí e quando nos deparamos com um é difícil não se encantar por ele. É um modo elegante de presentear alguém ou de levar consigo uma lembrança de algum lugar bonito.
A arte da sericografia é bastante difundida no nordeste brasileiro e tem admiradores por todo o mundo. Mas teve um cara, cerca de cerca de cento e trinta anos atrás, que decidiu levar esta arte até o seu limite.
Andrew Clemens nasceu em 1857 em Dubuque , uma cidade do estado de Iowa, nos Estados Unidos, mas morou na cidade de McGregor por toda a vida, onde teve uma grave crise de encefalite que o deixou mudo e surdo aos cinco anos de idade. Provavelmente pelo fato de não escutar quase nada, a atenção aos detalhes visuais de Andrew se afloraram de forma exacerbada e ele, aos treze anos, começou a brincar com as areias coloridas que brotavam em formações de arenito ao longo do rio Mississipi, encantado pela variedade de cores e por suas texturas diferentes. Ele as coletava, levava para casa e as estudava, dividindo as areias que encontrava pelas suas cores, tons e tamanho dos grãos, com uma paciência e diligência que facilmente enlouqueceria qualquer um de nós mortais.
Andrew então começou a desenhar formas geométricas simples em pequenos frascos de remédio e foi aperfeiçoando sua técnica até atingir o máximo de precisão. Vendo isto, um vizinho lhe emprestou um espaço em sua pequena mercearia para que Andrew pudesse comercializar a sua arte. Mais tarde ele se mudou para um pequeno cômodo na sua própria casa, onde turistas vinham de longe para comprá-las e pessoas muito importantes da comunidade local começaram a encomendar suas obras. O nível de detalhe das figuras desenhadas por Andrew Clemens parece não ser possível, mas ele fez isso com ferramentas rudimentares que ele mesmo construía com anzóis de pesca e galhos secos. A atenção que ele dava para a variação de cores, sombras, perspectivas e sua precisão em linhas retas e detalhes perfeitos lhe rendeu uma fama lendária. Apesar de muito procurado, Andrews nunca cobrou muito caro pelas garrafas coloridas.
Os preços variavam de um até sete dólares, o que na cotação de hoje seria em torno U$ 160 pela mais cara. Andrew desenvolveu e criou sua própria arte, que era imitada pelas crianças de McGregor em brincadeiras nas quais elas enfiavam areia em qualquer frasco que achassem pela frente e acabavam até vendendo suas criações nos barcos atracados no rio da cidade. Isso só ajudava a espalhara sua fama ainda mais por todo país e seu prestígio na região perdura até os dias de hoje.
Andrew Clemens faleceu precocemente aos 37 anos de idade, provavelmente vitimado por uma tuberculose, no ano de 1894, deixando um legado de milhares de frágeis obras primas, das quais algumas dezenas sobrevivem famosas até hoje e são vendidas em leilões por algumas dezenas de milhares de dólares.
